Sempre que me perguntam de onde vem meu senso de humor, meu otimismo e o “fogo no rabo”, eu respondo: É genético!  É, também, fruto da admiração, de espelhar-se e enxergar um “norte” para seguir.

As duas pessoas, que me inspiram desta maneira, são meu avô materno e meu pai. Cada um a sua maneira, com suas peculiaridades. È o que me faz amar os homens.

Os dois amavam a vida, gostavam de explorar os prazeres do mundo, tinham um otimismo inabalável e um senso de humor maravilhoso. Tinham um sentido de respeito ao ser humano, de ver o melhor de cada pessoa. E, na hora do caos, tinham sempre a mesma postura e diziam: Vai dar tudo certo! E não é que dava mesmo!

Meu avô contava histórias engraçadas, onde ele era personagem, e, no final, gargalhava de forma contagiante.

Uma de minhas histórias favoritas é do revólver. Naquela época, dependendo da região, alguns homens andavam armados e, meu avô, era um deles. Ele vestia roupas sociais, mas usava um pequeno revólver, num coldre.
Existia, também, um comportamento mais reservado em relação às pessoas. Não se falava abertamente, sobre certos assuntos, com “qualquer um”. Meu avô era adepto das duas coisas. Achava uma falta de respeito fazerem perguntas que ele considerava invasivas.
Um dia, um conhecido perguntou: - Por que o senhor usa este revólver na cintura? Ele, rapidamente, respondeu: - Isto é pra equilibrar com o pau. Coloco o revólver para um lado e o pau para o outro!

*Meu pai, brincando, dizia que o revólver nem funcionava mais.

O senso de humor do meu pai era mais agudo e, às vezes, um pouco sarcástico. Ele apreciava as sutilezas da vida. Meu pai era, também, um sedutor nato! Daqueles que seduzem até os postes! Na maioria das vezes, ele fazia isto sem nem sentir. Acredito que, um dos motivos era porque ele sentia-se seduzido pelo mundo!
Passados muitos anos, desde que meu pai morreu, continuo encontrando pessoas que me dizem: - Ele era encantador!  - Eu gostava muito dele! - Sinto muito a falta dele!
São homens e mulheres, de todos os tipos e, alguns, dizem estas frases com lágrimas nos olhos.

Até na hora em que “partiram” foi semelhante. Num dia ele estava lá e, de repente, não estava mais. Este poema do Auden, diz exatamente o que eu senti na hora do choque. Quando cada um deles se foi. Quando, por alguns momentos, me perdi deles.

Funeral Blues, poema de W.H.Auden - Cena do filme 4 Casamentos e Um Funeral.

Depois que me recuperei, quando passou o luto, voltei a encontrá-los. Eles estão sempre comigo. Estão na minha cabeça, no meu coração, na minha alma e no meu sangue, é claro! E, definitivamente, fazem parte do que considero meu norte.

Se Todos Fossem Iguais a Você, música de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. 

2 Responses so far.

  1. Anônimo says:

    chorei....até borrou minha maquilagem

  2. Eu também chorei, quando escrevi.

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Prazer em conhecer!